29.10.05

Só.
Regressa-me agora a visão nítida, se bem que o céu já tenha escurecido a terra. Vejo tudo (com os olhos), só não me vejo a mim. Por onde andarei eu, nesta hora-fantasma?
A meu lado, inúteis, continuam as minhas armas. Não lhes toco: apenas me despeço do brilho que ainda lhes resta, pôr-do-sol sem fim. Nu — duas vezes nu, enfim —, que sofro eu de indizível, afinal? A serpente mentiu. Ou será que terei de enterrar sob montanhas de areia estas armas que já não sou, de modo a que nunca mais as encontre?
De modo a que, seja lá por que for, possa sentir-lhes a falta. Serei capaz disso?
Sou. E é o que faço.
Depois, torno a sentar-me. Prossigo a obscura espera.