12.10.05

Mil vezes se podem repetir as palavras, até elas deixarem de fazer sentido.
Tudo aquilo que era parte integrante de mim tornou-se agora num imenso, entendiante vazio. Muito mais apurada a desconfiança, mas nada mais. Resta-me manter os sentidos alerta, apesar dos gestos lentos.
Em desejo, vejo-me a chegar junto dos meus, que me recebem com perguntas nos olhos, silenciosas. Mas não esperam pelas minhas respostas: primeiro, oferecem-me o que têm de melhor para um homem que acabou de fazer a experiência do conhecimento do nada: alimento, calor e cama. Contudo, as perguntas ficarão sempre por responder, a fome será fundamentalmente outra e o sono recusar-me-á a sua visita. E não serei compreendido, apesar de toda a compreensão. Talvez seja mesmo odiado: como ter a certeza do que em mim vêem as mulheres jovens, os guerreiros que ainda não provaram o deserto? Sou de lado nenhum, sê-lo-ei sempre.
Não, estou a sonhar. E espero que não passe de um sonho mau, porque preciso de todo esse calor que nem o mais forte sol do deserto me poderá alguma vez dar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Excellent, love it! » »