19.9.05

Sentar-me-ei, portanto, entre velhos e novos, e aos novos chamarei deserto, e aos velhos gelo da montanha.
E então direi:
“Fui e vim e sei. Que acabem os segredos. Porque entre vós me coloco, eu que sou um vale, um lugar de passagem, um pedaço de todas as coisas que há à superfície e nas profundezas deste mundo”.
E os novos hão-de falar, impulsivos, e hão-de falar, ponderados, os velhos, mas eu saberei permanecer silencioso entre eles, a escutá-los, firme na força do meu conhecimento.
Porque agora sei os lugares impossíveis que eles habitam, e sei o meu próprio lugar. No silêncio absoluto que acabará por se fazer, acrescentarei apenas: “Falem com o meu cavalo; ele também sabe”.
Não entenderão, provavelmente. Mas será sem importância, essa estranheza perante um cavalo sábio: virá o tempo em que eles não poderão fugir mais à verdade que abre a porta de todas as outras.

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